Carta a uma Menina com down

Acreditamos que seria interessante refletirmos sobre o texto abaixo à medida que corajosamente sua autora expõe seus medos e dúvidas a respeito da convivência integrada de uma criança com deficiência em sua escola.

A autora desta carta é a Diretora do Colégio Jardim de África, de Santander (Espanha), um dos colégios incorporados ao programa oficial de integração da pessoa portadora de deficiência na Espanha. Porém, sua participação na integração da pessoa portadora de deficiência não é de agora.

começou há cerca de dez anos, quando em 1975 criou em seu colégio uma classe de educação especial, plenamente integrada com o resto das unidades normais. Depois começou a história de Míriam. Por isso, sua carta retrata um testemunho particularmente apaixonante.

Este texto foi publicado no Boletim Informativo SÍNDROME DE DOWN - Notícias Vol. 2 número 4 - Dezembro 1985 da FUNDACION SÍNDROME DE DOWN DE CANTABRIA Pérez Galdos, 6-B - 39005 Santander, Espanha. Tradução do espanhol: Maria Amélia Vampré Xavier, Vice-Presidente para Relações Internacionais da Federação Nacional das APAEs.

Querida Míriam,

Escrevo-te esta carta para contar-te uma coisa que, ainda que hoje possa parecer mentira, aconteceu há alguns anos, mais ou menos os que tens. Não sei se compreenderás minha intenção, mas te asseguro que vou me sentir muito melhor depois de te haver contado...

Míriam, sou professora, como sabes. Um dia, cheia de ilusões, pensei que as crianças deveriam ser antes de tudo felizes e que um colégio com certas características poderia conseguir tal objetivo. Pus mãos à obra e abri este Colégio. Tinha um jardim espaçoso e muros altos de pedra onde as crianças iam procurar lagartixas e caracóis para formar "granjas". Teus irmãos mais velhos vieram para este colégio.

Certo dia tua mãe comunicou-me com grande esperança que esperava outro filho.

Alegrei-me muito pois sou dessas pessoas que pensam que um filho é uma bênção de Deus. Porém, minha alegria não durou muito.

Pouco depois, após alguns exames médicos, tua mãe comunicou-me que iria ter "uma criança com problemas". Fiquei tão triste com isso que, quando nasceste, arranjei mil desculpas para adiar o momento de te conhecer.

Tua mãe, a quem estimo muito e admiro profundamente, contava-me de teus progressos e retrocessos, sobretudo de saúde. Ela estava sempre alegre, feliz contigo, totalmente entregue a seu trabalho de estimulação precoce, e a teus cuidados. Um dia chamou-me ao telefone. Queria falar comigo sobre ti E aqui começa minha verdadeira confissão, Míriam.

Senti terror. Sabia o que tua mãe ia pedir-me. Nunca antes tinha tido no colégio uma criança portadora de síndrome de Down. Desconhecia tudo sobre essa condição. Pensava, pessimista, que uma criança "mongólica" era impossível de ser integrada num grupo de crianças sem deficiências. Receei a reação das outras crianças. Temi, ainda, que a encarregada da classe maternal te repelisse. Tive medo... de tantas coisas!

Acreditei, Míriam, que eras incapaz de fazer algo por ti mesma, que eras um ser inútil e desagradável que as outras pessoas iriam repelir. Repito que desconhecia completamente tudo sobre as características de uma criança trissômica. Eu havia feito muito tempo antes integração de crianças com deficiências físicas, mas... com síndrome de Down...!

Como eu estava enganada! Quanto aprendi desde o dia que chegaste à classe maternal. A primeira coisa que descobri foi tua grande timidez. Observava-te com freqüência, cheia de curiosidade, analisava tuas reações, esperando encontrar coisas estranhas.

Via que as outras crianças, depois da curiosidade inicial e das perguntas de costume ("por que Míriam tem um rosto tão estranho?") tinham deixado de preocupar-se contigo. Nieves, a professora, aceitou-te, com todo o afeto, como uma criança que necessitava um pouco mais dela e não poupou dedicação.

Dentro de pouco tempo, brincavas no pátio como todos, te aproximavas para saudar como todos faziam, os papais que vinham buscar alguns companheiros teus. Os pais das outras crianças te acariciavam e ninguém mostrou inconformidade ou estranheza por tua presença no colégio.

Hoje, Míriam, cresceste. És aluna do 7º de EGB. Estás na classe da senhorita Dorita. Quando perdeste ontem o ônibus do Colégio e te chamaram pelo alto-falante para que subisses a fim de falar com tua mãe ao telefone, eu estava ali. Alfonso, que brincava perto de mim com um grupo de colegas, disse alto:
"Estão chamando Míriam. Ela é da minha classe. Quer que vá chamá-la?

Não foi preciso, porque vinhas correndo com a blusa saindo da calça e dizias:
"Maria Teresa, estou subindo para atender o telefone, pois estão me chamando."

"Corre"', disse eu em silêncio. Logo deixaste de lado o telefone e te sentaste junto a mim, no banco de cimento, muito otimista. "Papai vem me buscar para levar-me a um restaurante". Agarraste meu braço e apoiaste nele tua cabeça despenteada.

Sentia tuas carícias como prêmio imerecido. Eu que um dia senti terror de admitir-te no Colégio...Como é horrível a ignorância. Nunca imaginei que teus afagos fossem tão doces, tua presença tão agradável

Nunca poderia crer que ao ver hoje, a ti, a Ana, a Cristina e a David tão felizes, tão normais, tão pessoais, cada um de vós tão diferente um do outro...nunca poderia acreditar que iria receber tanto por tão pouco que fiz.

Como vês, Míriam, tinha que contar isto. Agora sinto-me melhor, pois sei que em teu coração não há lugar para o rancor.

Descobri, graças a ti e a outras crianças com as tuas características, que uma criança com Síndrome de Down é simplesmente uma criança. Só isso: uma criança maravilhosa e gratificante. Obrigada. Despede-se com um beijo,

Maria Teresa

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