É comum chamar o povo da igreja de irmão, mesmo inadequado. Independentemente de parentesco, ao usar o tratamento primitivo da igreja a aqueles que são colegas ou amigos, estamos nivelando a todos e considerando-os irmãos, mas há diferenças:
O colega já participou de algum lugar com a gente. O amigo provavelmente já esteve em nossa casa, se confraternizou conosco e até objetos foram compartilhados, mas o irmão tem provavelmente a chave da nossa porta.
Um colega talvez saiba o seu nome completo. Os amigos sabem ou deveriam saber tudo, pais, filhos, cônjuge, mas somente os irmãos conhecem as virtudes e os defeitos e entendem o comportamento e o temperamento , não se magoando com decepções.
O colega até te ouve, mas o amigo ajuda com os problemas. O irmão é capaz de resolver os teus problemas no teu lugar.
Quanto as posses, o colega pode dividir algo, o amigo empresta ou até doa algo, mas o irmão tem tudo em comum, ao ponto de dizer o que é meu é seu.
Quando erramos, o colega se enfeza e te chama de abusado, o amigo fica triste e te chama de folgado, mas o irmão, mesmo não ficando feliz, não se martiriza por ter ficado no prejuízo.
Na igreja é mais fácil identificar estes supostos elementos: um colega talvez te cumprimenta com a paz, um amigo vai além e te abraça, e conversam, mas, o irmão te leva na igreja e senta ao teu lado.
Agora quando o assunto é financeiro e saúde os elementos ficam um pouco mais evidentes. Um colega não te empresta dinheiro, nem será seu avalista, nem te visitará no hospital ou no túmulo. O amigo empresta, talvez com cobranças e garantias, mas empresta, e te visitará. O irmão empresta incondicionalmente, e as vezes doa. Se ficardes enfermo ele é que vai cuidar de ti. Se morrer, em lágrimas ele velará por ti.
Enfim, usa-se os termos corretos para os lugares corretos: um colega te conhece (Cirineu em mc 15, 21), um amigo te ajuda (Lázaro em João 11) e irmão te salva (samaritano em Lc 10, 30-37).
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