Evangelho – 27 de maio de 2012 – Jo 20,19-23:

(gotas de espiritualidade)

 

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos, com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: «A paz esteja convosco». Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor. Jesus disse de novo: «A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio». Então, soprou sobre eles e falou: «Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos».

 

 

Ao anoitecer daquele dia,

Percebemos que o evangelista faz questão de dizer que “é noite”. Mas ele não diz “é noite”, mas sim “ao anoitecer daquele dia”. Ou seja, era dia, mas anoiteceu.

E quantas vezes isto não acontece na nossa vida: é dia, e algo acontece (dentro ou fora de mim), e aquele dia anoitece.

Tudo está bem, e de repente, uma notícia, um fato, um acontecimento, anoitece o meu dia. Ou eu mesmo estando bem, de repente uma lembrança, um ressentimento vem a tona, algo interior, faz anoitecer o meu dia.

Anoitecer é algo que acontece com todos os seres humanos, sobretudo com os pobres, que tem seus dias anoitecidos pela injustiça, desprezo e discriminação. E há pobres que vivem mais anoitecidos do que clareados pela luz do dia que lhes foi roubado.

Os apóstolos que tinham luz com a presença e convivência de Jesus, tiveram seu dia anoitecido pela morte daquele que lhes colocara esperança no coração. O dia daqueles apóstolos foi anoitecido pelas autoridades romanas e judias que, numa união inédita, o poder político e religioso julgou, condenou e matou o Homem de Nazaré. Aí o dia tornou-se noite.

 

o primeiro da semana,

Talvez a frase “o primeiro da semana” não seja referindo-se especificamente a data de domingo, mas uma alusão de dizer que é o início de uma semana, mas que é o início de um novo momento. A morte de Jesus não é o fim, mas o início de um novo momento; a morte de Jesus não é o término de uma pessoa, mas o início pleno do seu projeto. Inicia-se outra fase, um outro momento, uma outra história. Iniciou-se uma “nova semana”            . Nos retiros de santo Inácio, a cada etapa do retiro, ele chama de uma nova semana. Talvez a alusão ao primeiro dia seja uma alusão a uma nova semana do retiro, ou melhor, da vida das pessoas – começa a nova semana – e estamos no seu primeiro dia.

 

 

os discípulos estavam reunidos,

A importância da união das pessoas, ainda que frustradas, tristes e abaladas. A força daqueles que permanecem juntos.

 

com as portas fechadas

fechamo-nos diante das noites anoitecidas. Fechamos nosso coração, nosso ser... portas fechadas. Portas fechadas ao próximo, às necessidades sociais, à comunidade, ao amor, ao bem... portas fechadas...

 

por medo dos judeus.

Se tem um pecado que temos que nos livrar é o medo. Tendes medo somente do medo, diz uma música. O medo nos fecha, nos faz isolar-nos. O medo fez dois discípulos caminharem para Emaús, para fugir de uma realidade, fugir para outro lugar onde possa se buscar um porto seguro, mas quanto mais aqueles andavam, mais se afastavam da comunidade, da realidade, e da vida. O medo nos aprisiona, nos afugenta, nos fecha em si próprios, e tornamo-nos pessoas fechadas ao novo, ao pobre, ao clamor da justiça; o medo tira-nos a liberdade da vida.

 

Jesus entrou

Interessante percebermos que, mesmo tudo fechado, Jesus consegue entrar. E isto é uma rotina na vida de milhões de pessoas que se “converteram”. Na verdade, não foi milagre ou atitude voluntária de alguém, mas deve-se a um Deus que entra nos espaços escuros, nos dias anoitecidos de cada um de nós.

 

e pôs-se no meio deles.

Coloca-se no nosso meio. Jesus está no meio do grupo, mas está também no meio do ser humano, no seu centro, no seu interior mais profundo. Devemos procurá-lo aí. Deus está no nosso meio, no nosso centro, não na nossa periferia. Por isso, silenciar-se, entrar dentro de si, é fazer um caminho de encontro pessoal com Deus.

 

Disse: «A paz esteja convosco».

Jesus fala, dialoga, pronuncia. E anuncia a sua paz, a paz que o mundo não tem.

 

 

Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado.

Mostrou-lhes o lado e as mãos... mostrou-lhes tudo... desvendou-se... revelou-se profundamente a cada um dos que lá estavam... Jesus é a imagem verdadeira de um Deus que se revela plenamente a mim, que se abre a mim. Se eu estou fechado, ele está aberto. Seu lado está aberto, para que o meu fechamento se torne abertura também. Que eu, fechado, entre na sua abertura do seu lado, para que eu restitua a minha vida, e volte a abrir-me ao mundo, aos outros, ao próprio Deus. Jesus se dá... Se deu na Eucaristia, se deu na cruz, e agora se dá a todos, e hoje se dá a mim. Ele mostra-me suas mãos para me acolher, e seu lado para eu nEle entrar. Lado aberto, para sempre, a todos que queiram nEle entrar. Entrar pela porta estreita, pela porta onde está o verdadeiro pastor.

 

Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor.

A experiência de Deus tem um resultado concreto: a alegria.

 

Jesus disse de novo:

Jesus diz de novo, insiste, repete... Deus nunca se cansa... Ele sempre nos chama, nos fala ao coração, Ele repete sua mensagem... Ele é um Deus que insiste.

 

«A paz esteja convosco.

Outra característica daquele que faz a experiência de Deus: após a alegria, experimentar a paz

 


Como o Pai me enviou também eu vos envio».

Agora o envio. É outra característica de quem experimentou a alegria e a paz = o envio. Não é possível guardar isto para si. Por isto, para sabermos discernir se a alegria que sinto ou a paz que sinto se é evangélica ou social, basta ver para onde somos inclinados. Se somos inclinados para o comodismo, para uma “zona de conforto”, então provém do meio social; caso a experiência me incline, me empurre, me leve a desejar a partilha com o próximo, a ser um mensageiro desta alegria e paz aos outros, então, com certeza,  provém de Deus.

 

Então, soprou sobre eles e falou: «Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos».

Por fim, a missão concreta – receber o Espírito Santo, perdoar os pecados, ser misericordioso, amável, aberto. Dar o lado e as mãos também as pessoas, para que todos possam entrar e usufruir deste Deus que nos ama apaixonadamente. Acolher os pobres, e fazer com que eles tenham uma nova vida. O pecado é a injustiça – perdoar os pecados, significa criar uma nova sociedade – criar um mundo onde se faça justiça. Perdoar significa criar o oposto do pecado – criar um mundo novo à partir deste Cristo que se deu à mim.



Marco Aurélio
CVX-MCL-Jacareí (SP)


 

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