Chamou, então, a multidão, juntamente com os discípulos, e disse-lhes: «Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me! Pois quem quiser salvar sua vida a perderá; mas quem perder sua vida por causa de mim e do Evangelho, a salvará. De fato, que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida? E que poderia alguém dar em troca da própria vida? Se alguém se envergonhar de mim e de minhas palavras diante desta geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai, com seus santos anjos». E disse-lhes: «Em verdade vos digo: alguns dos que estão aqui não provarão a morte, sem antes terem visto o Reino de Deus chegar com poder».
Quem quiser salvar sua vida vai perdê-la; e quem perdê-la por Mim e do Evangelho, a salvará.
Afinal, queremos seguir os nossos ensinamentos ou os ensinamentos de Jesus? Queremos seguir nossos caprichos ou um projeto maior de construção do Reino? Há duas opções claras, dois caminhos evidentes: um onde eu sigo o que eu acho que é correto, sem me aprofundar; outro que segue uma voz mais profunda, mais sólida, mais consistente.
Não tenho para mim que Jesus quer nos anular, como quem diz: o que você quer de nada vale! Esqueça de você e ouça a Mim e só Eu sei o que é melhor para você. Se seguir sua voz interior, vai se dar mal, se seguir a minha voz exterior, vai se dar bem.
O engano é que a minha voz não é interior, e a voz de Jesus não é exterior.
Bombardeados por propagandas, ilusões, ideologia, cultura, costumes, regras, etc., muitas vezes pensamos que estamos fazendo o que queremos, mas na verdade estamos fazendo o que os outros querem que nós façamos. E daí vem a ilusão de estar fazendo a sua história e não estar construindo absolutamente nada. E a vida se passa, perdendo-se em pequenas coisas, pequenas brigas, pequenos projetos, pouca profundidade. Quem quer isto, que vá.
Jesus manda seguir uma voz maior – a dEle. Mas daí pensamos que é algo externo, algo que eu tenho que esquecer-me totalmente para seguir algo estranho a mim. Engano! Quando uma pessoa sabe parar, silenciar-se, ela entra dentro de si, para buscar lá no seu centro, no seu íntimo mais profundo, o que realmente ela deseja, ela almeja, ela quer... Mas, neste lugar, neste centro de decisões internas, neste íntimo do meu íntimo, não está só a minha vontade mais profunda; está também a essência da vida, que é Deus. Ou seja, neste lugar, tudo se encontra: Deus, meu criador, e eu, sua criatura. Sem disparidade, sem antagonismo. Pois o que o ser humano deseja no seu íntimo mais profundo – amor, justiça, misericórdia, perdão, etc. – é a essência de Deus. Criatura identificada plenamente com o criador. Então, ao entrar no meu íntimo, ouço a verdadeira palavra que pode me guiar.
Assim, entendo agora Jesus quando diz: “não siga as vozes que você pensa que são suas, quando na verdade você já está surdo a você mesmo faz tempo... Entra no teu interior, e escute-se, e escute-Me. Juntos, carregaremos cruzes, andaremos, faremos projetos, desenvolveremos a verdadeira vida, e perceberá que valeu a pena. Caso contrário, irás perder tua vida, pois o tempo passa igualmente para os que se aprofundam na vida, e para os que vivem na superficialidade”.
Quem é você, pergunta Moisés a Deus. E Deus responde: “eu sou aquele que sou”.
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