O que quer fazer com sua presença?

[FLAVIO FONSECA]

 Subir no latim e exercício no grego... Já que somos dados ao espetáculo, não temos escolha: Deus nos chamou para isso! Ser chamarizes... aparecer para o Evangelho. Aprender, treinar, para ser bom naquilo que faz, ser competente. Levar o outro consigo. Somos chamados a subir os degraus da música da igreja. Espiritualidade consciente. Nós temos que subir e não ficarmos só num mesmo degrau ... (confortável e bonitinho). De nós a Igreja quer mais. Se são bonitos, é pra Igreja Se canta bem, é pra Igreja Se atrai gente, é pra Igreja Se compõe bem, é pra Igreja Nada é pra você Teremos que subir e não fingir que subimos. Subir é uma das práticas mais difíceis de executar, porque toda hora você tem que esquecer de si mesmo pro outro. Vai esquecer de si mesmo. É muito mais do que praticar o alpinismo. Na fé não se sobe por subir, como fazem os alpinistas. Na fé quem sobe tem que agir como faz um cientista, que sobe para ganhar conhecimento, abrir espaço para os outros. Subir para abrir espaço para os outros. Subir na fé é um verbo muito difícil. Para quem está ficando velho, como eu, vai descobrindo cada dia mais como é difícil subir. Somos chamados a subir com mochilas carregadas com a cruz, carregadas com os sonhos dos pobres, machucados. Estamos aqui para carregar os sonhos dos machucados, pois não são capazes de carregar os próprios sonhos. Eu sempre disse que queria ser padre, mas desde cedo aprendi que: - não subir para dizer: cheguei lá, conquistei. Os formadores irmãos diziam que se tinha talento, teria que abrir caminho para os outros. Se não, não era subir, abrir picadas. E as perguntas ficaram claras. Subir sozinho é uma forma de vaidade. E as perguntas são: Porque eu subi? Subi pra onde? Subi com quem? Subi em favor de quem? Abri caminhos pra quem? Resposta: Pra mim? Está errado. É pros outros. Eu quero que outros cheguem lá como eu cheguei... Fui pioneiro, abri, mas eu quero que os outros venham e façam melhor ainda. Eu nunca pensei em ser cantor, acho eu que muitos de vocês também. Isto não estava nos meus planos. Eu queria ser padre. Eu nunca pensei em ser escritor, compositor, em fazer rádio, televisão, famoso, eu sempre fugi disso a vida inteira. Sempre quis ser padre numa paróquia; nunca tive. Fui ser padre para ter uma paróquia, nunca tive. Fui ser padre pra ser doutor, sonho de jovem, e quando comecei a preparar, os superiores me chamaram e me disseram que tinha talento. Vem pra cá fazer pastoral da juventude e fiquei famoso. Não deu mais tempo pra terminar minha faculdade... Ai comecei a escrever, comecei a ler, ler, ler, ler. O meu sonho está acontecendo, pois meus superiores me disseram, Você vai fazer isto, e não o que queria. Eu queria o que a Igreja queria! Então, aceitei. Me disseram que eu era bom de diálogo com os jovens. Acho que sou, né? Disseram meus superiores para estudar pedagogia, psicologia, especializar-se em pastoral vocacional... eu teria que chamar os jovens, e chamo que é uma beleza, e vocês sabem disso. E descobri o canto, e descobri o livro. E a Igreja disse, você pega o violão, pega o teclado, pega o livro e vai servir os jovens... Com o tempo descobri que não tocava tão bem assim não, que tinham jovens que tocavam muito. Entreguei meu violão e disse: não toco mais, meu negócio é outro! E comecei a compor canções porque essa é a minha vocação. (Mais um pedaço da pregação de Padre Zezinho)