Os anjos protetores

O Lucas voltou-se para o pai e perguntou:

- Os anjos existem mesmo? Eu nunca vi nenhum.

Como ele lhe afirmasse a existência deles, o Lucas disse que iria andar pelas estradas, até encontrar um anjo.

- É uma boa idéia, falou o pai.

- Irei com você.

- Mas você anda muito devagar, argumentou Lucas. Você só tem um pé.

O pai insistiu que o acompanharia.

Afinal, ele podia andar muito mais depressa do que ele pensava. Lá se foram.

O menino saltitando e correndo e a pai mancando, seguindo atrás.

De repente, uma carruagem apareceu na estrada.

Majestosa, puxada por lindos cavalos brancos.

Dentro dela, uma dama linda, envolta em veludos e sedas, com plumas brancas nos cabelos escuros.

As jóias eram tão brilhantes que pareciam pequenos sóis.

Ele correu ao lado da carruagem e perguntou à senhora:

- Você é um anjo? Ela nem respondeu.

Resmungou alguma coisa ao cocheiro que chicoteou os cavalos e a carruagem sumiu, na poeira da estrada.

Os olhos e a boca do Lucas ficaram cheios de poeira.

Ele esfregou os olhos e tossiu bastante.

Então, chegou seu pai que limpou toda a poeira, com sua camisa de algodão azul.

- Ela não era um anjo, não é, papai?

- Com certeza, não. Mas um dia poderá se tornar um, respondeu o pai.

Mais adiante uma jovem belíssima, em um vestido branco, encontrou o menino.

Seus olhos eram estrelas azuis e ele lhe perguntou:

- Você é um anjo? Ela ergueu o pequeno em seus braços e falou feliz:

- Uma pessoa me disse ontem à noite que eu era um anjo!

Enquanto acariciava o menino e o beijava, ela viu seu namorado chegando.

Mais do que depressa, colocou o garoto no chão.

Tudo foi tão rápido que ele não conseguiu se firmar bem nos pés e caiu.

- Olhe como você sujou meu vestido branco, seu monstrinho!

Disse ela, enquanto corria ao encontro do seu amado.

O menino ficou no chão, chorando, até que chegou seu pai e lhe enxugou as lágrimas com sua camisa de algodão azul.

Aquela moça, certamente, não era um anjo.

O garoto abraçou o pescoço do pai e disse estar cansado.

- Você me carrega?

- É claro, disse o pai.

- Foi para isso que eu vim.

Com o precioso fardo nos braços, o pai foi mancando pelo caminho, cantando a música que ele mais gostava.

Então o menino o abraçou com força e lhe perguntou:

- Pai, você não é um anjo?

O pai sorriu e falou mansinho:

- Imagine, nenhum anjo usaria uma camisa de algodão azul como a minha...

Amados Anjos são todos que fazem bem ao próximo.

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