Padre Valerianio Santos Costa, diretor da Fac. Teologia da PUC - Foto: Divulgação
Mensagem dirigida aos bispos após missa no Rio reforça ideal do papa de aproximar a Igreja dos fiéis
Jussi Ramos
São José dos Campos
Uma igreja que precisa estar a serviço do povo, que vá ao encontro dos fiéis e que não seja burocrática. Essa foi a mensagem objetiva, transmitida pelo papa Francisco, após a missa do envio, aos 45 membros do Celam (Comitê de coordenação do Conselho Episcopal Latino-americano).
O ponto central foi a renovação da igreja por meio da Missão Continental, fruto da 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada em Aparecida (SP) em 2007.
O papa citou o documento de Aparecida para reforçar que “a Igreja é instituição, mas, quando se erige em ‘centro’, se funcionaliza, pouco a pouco, se transforma em uma ONG”, disse o pontífice. “Nossa Senhora Aparecida quer uma igreja esposa, mãe, servidora, facilitadora da fé e não controladora da fé”, acrescentou.
Na opinião do diretor da faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, padre Valeriano dos Santos Costa, o papa, desde que assumiu, tem demonstrado muito vigor para passar sua mensagem de mudança, para uma igreja mais próxima do povo.
“Sua mensagem é direta e clara. Com seu exemplo, ele demonstrou a necessidade da Igreja ir ao encontro do povo. Os sacramentos da fé precisam ser facilitados”, afirmou o teólogo. Ele citou que, muitas vezes, as próprias secretarias paroquiais, dificultam a aproximação de quem está longe dos sacramentos da fé.
“Uma mãe solteira muitas vezes não consegue batizar seu filho pelas dificuldades impostas pela igreja. Mas, antes de tudo, ela é mãe e seu filho tem direito ao sacramento do batismo”, disse.
O mestre em História Social pela PUC, Lucelmo Lacerda, também se alegrou com a nova postura do pontífice. “Os pronunciamentos do papa Francisco rompem de modo sensível com seus antecessores, ao invés de apontar o dedo e denunciar um mundo de pecados, apresentando a Igreja como refúgio de pureza, o pontífice reiteradamente se dedica a uma autocrítica sintonizada com aquilo que os estudiosos do tema vem há muito apontando”, afirmou.
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