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Visitas que não se esquecem - Dom Redovino Rizzardo

Para o povo da Bíblia, a visita era sagrada. A acolhida ao peregrino que surgia inesperadamente na soleira da porta, podia reservar uma graça há muito tempo esperada. Atrás do desconhecido que pedia acolhida, talvez se escondesse um anjo ou o próprio Deus. Foi o que aconteceu a Abraão, ao hospedar em sua casa três forasteiros. O amor suscitado por essa visita foi fértil e se transformou numa vida nova na pessoa de Isaac (Cfr. Gn 18,1-14). Quando feitas por amor, as visitas são sempre uma presença de Deus, que chega para “salvar o seu povo”, como reconheceu Zacarias, depois de verificar os frutos do encontro de sua esposa Isabel com a parenta Maria, que batia à porta de sua casa: «Quem sou eu para receber a visita a mãe do meu Senhor? Quando a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança deu um salto de alegria em meu seio» (Lc 1,43-44.68). As conversões mais complicadas operadas por Jesus aconteceram no aconchego de um lar. Foi ali que ele conseguiu regenerar dois corruptos – Mateus (Mt 9,9) e Zaqueu (Lc 19,9) – e uma prostituta (Lc 7,48). Penso de não estar exagerando ao afirmar que as mesmas graças inundaram também a minha vida no encontro particular que mantive, no dia 3 de setembro, com o Papa Bento XVI. Não foi uma visita de cortesia ao “chefe”, para lhe demonstrar submissão e respeito. Com ela, o que eu quis, foi renovar a unidade com o Sucessor de Pedro, a quem Jesus asseverou um dia: «Pedro, eu rezei por ti, para que a tua fé não falhe. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos» (Lc 22,32). Como preparação para esse evento que considero extraordinário, de 4 de maio a 15 de agosto, percorri aproximadamente 10.000 quilômetros, visitando, uma a uma, 46 das 48 paróquias que formam a Diocese de Dourados. Nos diversos encontros que mantinha com as lideranças locais, eu lhes dizia que não desejava comparecer diante de Bento XVI carregado apenas de minhas experiências mais ou menos felizes adquiridas como bispo; mas queria, sobretudo, oferecer ao Santo Padre a vida, a comunhão eclesial, a boa vontade, o amor à Igreja, o zelo pastoral e a busca da santidade de centenas de sacerdotes, diáconos, religiosos e seminaristas, bem como de milhares de católicos que, comigo, levam adiante a missão que receberam do Senhor. Desta forma, eu não estaria sozinho no Vaticano, mas seria o representante de cada irmão e irmã que Deus confiara aos meus cuidados. A assim chamada “Visita ad limina Apostolorum” (Visita aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo) ocorreu de 1 a 8 de setembro. Ela acontece a cada cinco, seis ou sete anos, de acordo com o tempo disponível, e consiste num encontro de avaliação com os organismos que assessoram diretamente o Papa no governo da Igreja. Evidentemente, há inúmeros outros momentos “fortes” da visita, como a celebração eucarística nas quatro principais basílicas de Roma (São Pedro, São Paulo Fora-dos-Muros, Santa Maria Maior e São João do Latrão) e a convivência fraterna com os demais bispos, no meu caso, com os colegas do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso. No dia 7 – Dia da Pátria – participei, no Pontifício Colégio Pio Brasileiro (onde estudam mais de 100 padres brasileiros), de uma missa encomendada pelo Embaixador brasileiro junto à Santa Sé e presidida por Dom Cláudio Hummes: um momento muito bonito, inclusive pelo encontro com uma multidão de brasileiros que residem na Cidade Eterna, entre os quais, o Pe. Adriano Stevanelli. No dia 8, ao final da estadia em Roma, os bispos do Mato Grosso do Sul viajamos para a Alemanha, onde visitei o bispo-emérito, Dom Alberto Först. Apesar da saudade que sente dos amigos que deixou em Dourados e das limitações de saúde próprias da idade, percebi que está à vontade na nova moradia, sempre disponível para atender os demais idosos que residem com ele e a pequena paróquia do povoado adjacente. Todas essas visitas – às paróquias da Diocese, ao Vaticano, ao Pe. Adriano e a Dom Alberto – me confirmaram, mais uma vez, da importância de um serviço fraterno e misericordioso que todas as pessoas de boa vontade podem assumir: a pastoral da visitação. No Evangelho de Mateus, ao falar do Juízo Final, por mais vezes Jesus nos lembra que é sobre elas que será avaliado o modelo de cristianismo que assumimos: «Eu estava doente e você veio ver-me; eu estava na prisão e você me visitou» (Mt 25,36). Do primeiro ao último livro, para a Bíblia, Deus é um eterno peregrino em busca de acolhida. Feliz de quem o reconhecer e receber! «Eis que estou à porta e bato. Se alguém escutar o meu chamado e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo» (Ap 3,20).
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Padre bom é padre morto - Dom Redovino Rizzardo

No dia 8 de outubro, dei-me ao luxo de ler algumas apreciações relacionadas com uma notícia difundida pelo provedor “Terra”, sob o título: «Ex-padre é condenado a 10 anos por pedofilia em Minas Gerais». O artigo era acompanhado por uma centena de comentários. Comecei a ler alguns deles. Precisei parar logo, tamanha era a repulsão que demonstravam pela Igreja Católica. Cito apenas os primeiros: «Padre bom é padre morto!». «O lugar desses padres pedófilos é no inferno!». «Infelizmente, a Igreja Católica tem sido leniente ao tratar do problema da pedofilia. Não trata, esconde. Não adianta esperar que a solução venha do Vaticano». Houve também quem julgou descobrir a solução do problema: «É por isso que os padres precisam casar. Todos têm carne fraca para o pecado. Não é porque é padre que pode achar que não peca. E, quando peca, faz essas coisas horríveis». Nem faltou o recado do filósofo ateu: «Toda experiência religiosa é prejudicial ao ser humano». Além de trazer nome e sobrenome do sacerdote mineiro, a notícia descia a pormenores capazes de levar leitores menos avisados a pensar que o único lugar adequado para os padres e a Igreja Católica seria um presídio de segurança máxima... Uma semana após, no dia 14, um site de Campo Grande trazia uma notícia bastante semelhante. Contudo, a apresentação do fato feita pelo jornalista era muito diferente: «Um pastor evangélico de 47 anos, que está sendo acusado de pedofilia, se afastou da função ontem à noite. A denominação religiosa não está sendo divulgada, para não denegrir a imagem da instituição. O nome do pastor, acusado de pedofilia, não foi divulgado porque as investigações ainda estão em curso». A dúvida de quem toma conhecimento da forma como foram tornados públicos os fatos de Belo Horizonte e de Campo Grande é sobre a imparcialidade de certos órgãos de comunicação. A impressão que se tem é de dois pesos e duas medidas: para os padres, insultos e condenação; para os pastores, respeito e consideração. Mas, o acontecido se presta também para outra leitura: um jornalismo sadio e independente não faz acusações sem ter provas precisas e concretas. Não são as poucas as pessoas que foram condenadas pela imprensa e absolvidas pela justiça! Penso de não me colocar acima do comum dos mortais ao afirmar que conheço bastante as limitações e fraquezas que envolvem a vida dos presbíteros, pois sou um deles há mais de 40 anos. Elas me fazem lembrar o comentário feito pelo autor da Carta aos Hebreus, ainda nos primeiros anos de existência da Igreja: «Escolhido entre os homens, o sacerdote é constituído para o bem dos homens nas coisas que se referem a Deus. Sua função é oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Desse modo, ele é capaz de ter compaixão por aqueles que ignoram e erram, porque também ele está cercado de fraqueza. Por causa disso, precisa oferecer sacrifícios, tanto pelos próprios pecados, como pelos pecados do povo» (Hb 5,1-3). Apesar das quedas de alguns sacerdotes – quedas que são logo difundidas aos quatro cantos do mundo – , posso garantir que a quase totalidade dos padres que conheci em minha vida – que não é tão curta – luta para manter viva sua fidelidade à vocação. Como São Paulo, eles também, não poucas vezes, são pungidos por “um espinho na carne” (2Cor 12,7). Apesar disso, pela missão que assumiram, precisam consolar, mesmo quando passam pela desolação; prestar socorro, mesmo quando sentem falta de uma mão amiga; orientar, mesmo quando se sentem inseguros; amar, mesmo quando não são amados... O que acontece é que o padre é um homem público, alguém em quem o povo cristão quer confiar e se espelhar. Mas, não sendo um extraterrestre ou um ser assexuado, está inclinado ao pecado como qualquer outra pessoa. Há padres pedófilos, assim como há também médicos, fazendeiros, juízes, militares, professores e até “honrados” pais de família, como provam os inúmeros processos em andamento no Pará. Mas será preciso ir até lá? Uma coisa é certa: o mesmo Jesus que disse: «É inevitável que aconteçam escândalos, mas ai de quem os provoca! Seria melhor que lhe encaixassem no pescoço uma pedra de moinho e o atirassem ao mar, antes de escandalizar a um pequeno!» (Lc 17,1-2), também acrescentou: «Por que reparas no cisco do olho do teu irmão, e não reparas na trave que tens no teu? Hipócrita: tira, primeiro, a trave do teu olho e, depois, poderás tirar o cisco do olho de teu irmão!» (Lc 6,41-42).
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Você acredita em milagres? - Dom Redovino Rizzardo

Nunca estive nos Estados Unidos. Por isso, não posso provar o que passo a relatar. Contudo, pelas inúmeras fotos que me foram apresentadas, algo de estranho realmente a-conteceu em Santa Fé, no Estado do Novo México, há aproximadamente 130 anos, por volta de 1880. Aliás, se 250.000 pessoas visitam o local todos os anos, não será por nada! Vamos aos fatos. Naquela cidade, há um colégio dirigido por religiosas. No final do século XIX, elas quiseram enriquecer seu educandário com uma nova e bonita capela. Mas, ao terminarem os trabalhos da construção, perceberam que havia sido esquecido... um detalhe: para chegar ao coro, colocado no alto da porta principal da igreja, os cantores não sabiam por onde subir, já que ninguém pensara na escada! E agora, o que fazer para não prejudicar a arte e o estilo da capela? Para não cometer uma nova gafe, as religiosas, muito devotas, pensaram, antes de tudo, em rezar. Fizeram uma novena a São José, já que o Evangelho o apresenta como carpinteiro. No último dia, um desconhecido bateu à porta do convento. Dizendo-se entendido em marcenaria, prometeu resolver o problema. No final de uma semana, sem a ajuda de nin-guém, ele entregou a escada, por todos considerada um prodígio da carpintaria e uma obra de arte. Desde logo, o fato suscitou inúmeras dúvidas e perguntas. Primeiramente, ninguém sabe como a escada ficou e continua de pé até hoje, já que não dispõe de nenhum suporte central. Arquitetos, engenheiros e cientistas não entendem como se mantenha em equilíbrio. O construtor não usou pregos nem cola, mas cada pedaço de madeira está encaixado no outro. Por falar em madeira, não se sabe donde veio. Foram feitas inúmeras análises e não se descobriu nada parecido em toda a região. De sua parte, mal terminou a obra, o carpinteiro sumiu, sem deixar vestígios e sem esperar pelo pagamento. Por fim, um último “enigma”: a escada tem 33 degraus, a idade com que Cristo findou a sua jornada terrena. Tantas coisas estranhas levaram as religiosas e o povo a pensar num milagre. O miste-rioso carpinteiro seria o próprio São José, que tivera compaixão das irmãs, não muito en-tendidas na arte da construção. Desde então, a escada passou a ser objeto de veneração, vista como um sinal do imenso amor com que Deus vem em socorro de seus filhos. Mas não é apenas Santa Fé que se orgulha de apresentar fatos inexplicáveis. São centenas as cidades que alardeiam casos semelhantes – e não apenas dentro da Igreja Cató-lica. Quem não ouviu falar dos milagres eucarísticos de Lanciano ou do Pe. Cícero, para citar apenas dois exemplos? Pode ser que até mesmo na vida de alguns dos leitores aconteçam, ou tenham acontecido, coisas anormais – ou paranormais! Mas, tais fatos, serão sempre milagres? E se o forem, por que acontecem? A esse res-peito, o Catecismo da Igreja Católica tenta uma explicação: «Os milagres fortificam a fé naquele que realiza as obras de seu Pai; testemunham que Ele é o Filho de Deus. Não se destinam a satisfazer a curiosidade e os desejos mágicos. Ao libertar certas pessoas dos males terrestres da fome, da injustiça, da doença e da morte, Jesus operou sinais messiâni-cos; não veio, no entanto, para abolir todos os males da terra, mas para libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado, que os entrava em sua vocação de filhos de Deus e causa todas as suas escravidões humanas». Foi exatamente isso que Jesus quis ensinar ao atender pessoas em busca de milagres e prodígios. Sempre me impressionou um fato narrado pelo evangelista Mateus. Um grupo de amigos leva um paralítico a Jesus para que o cure. Jesus, porém, “finge” não entender e oferece ao doente a liberdade e a paz, através do perdão dos pecados, coisa que ninguém havia pedido. Para Deus, a saúde física tem sentido se existe a saúde espiritual: «Para que se saiba que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados – disse, então, ao paralítico –, levanta-te, toma a tua maca e vai para casa!» (Mt 96). Os milagres visam sempre o amadurecimento na fé, o crescimento na santidade e a decisão a fazer da própria vida um serviço aos irmãos. Foi o que fez a sogra de Pedro: ao ser curada por Jesus, «ela se levantou e se pôs a servir» (Mc 1,31). Não se trata de mila-gres, ou seja, de intervenções divinas, se o que se tem em vista são apenas caprichos e vai-dades. Aliás, mesmo que Deus atendesse a todos os pedidos que o homem lhe dirige, este nunca se sentiria saciado, teria sempre uma queixa a fazer e, na melhor das hipóteses, no final da vida – como diz o salmo 49 – «seria semelhante ao gado gordo pronto para o matadouro». Se Jesus apresentou a sua morte e ressurreição como o maior sinal para quantos dese-jam acreditar nele (Cf. Mt 12,40), converter-se, mudar de atitudes e ficar de pé nas tempestades da vida é sempre o grande milagre operado por Deus em quantos o buscam de coração sincero.
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Há 50 anos, no dia 9 de outubro de 1958, falecia o Papa Pio XII. Apesar da auréola de santidade que o cercou ao longo dos 20 anos de pontificado, após a morte, o seu nome foi censurado e sua ação – ou omissão – condenada por escritores, como Rolf Hochhuth, em “O Vigário”, e John Cornwell, em “O Papa de Hitler”. Na celebração alusiva ao aniversário da morte de seu antecessor, Bento XVI afirmou que Pio XII «agiu muitas vezes de forma secreta e silenciosa, porque, à luz das situações concretas daquele complexo momento histórico, ele intuía que só desta forma poderia evitar o pior e salvar o maior número possível de judeus». Para Bento XVI, o Papa Pio XII guiou a Igreja «numa época marcada por três totalitarismos: o nazismo, o fascismo e o comunismo». Seu pontificado se iniciou «quando se adensavam na Europa e no resto do mundo as nuvens ameaçadoras de um novo conflito mundial, que ele procurou evitar de todas as formas». Em sua alocução, Bento XVI se referiu à intensa obra de caridade promovida por Pio XII «em defesa dos perseguidos, sem distinção de religião, etnia, nacionalidade ou pertença política. Familiares e outras testemunhas falam de suas privações na alimentação, no aquecimento, no vestuário e a outras comodidades a que se submeteu, para partilhar a condição das pessoas duramente provadas pelos bombardeios e outras conseqüências da guerra». Por fim, o Papa citou os numerosos e unânimes atestados de gratidão dirigidos a Pio XII no final da guerra e por ocasião de sua morte, até mesmo pelas mais altas autoridades do mundo judaico. Dentre elas, lembrou as palavras da primeiro ministro Golda Meir: «Quando o martírio mais terrível se abateu sobre o nosso povo, durante os dez anos do terror nazista, a voz do Pontífice levantou-se em favor das vítimas». O pronunciamento de Golda Meir não foi uma voz isolada. Antes dela, já haviam sido numerosos os testemunhos de gratidão do povo judeu a Pio XII. No dia 28 de abril de 1944, o jornal “The Palestine Post” – que, a partir de 1950, se transformou no “The Jerusalem Post”, o periódico mais importante de Israel – publicou um artigo assinado por “um refugiado”, sob o título: “Uma audiência papal em tempo de guerra”. Nele, o autor relata que, em 1941, juntamente com vários outros judeus, foi recebido em audiência por Pio XII. Quando o Papa se aproximou dele, o então jovem escritor se apresentou como um judeu nascido na Alemanha. Ouvindo-o, Pio XII lhe perguntou: «O que posso fazer por você?». E acrescentou: «Sei muito bem o que significa ser judeu, mas espero que se sinta sempre orgulhoso por ser judeu. Você tem a mesma dignidade de qualquer outro ser humano que vive sobre a face da terra! Nunca se esqueça de se sentir feliz por ser judeu!». Em 1959, um ano após a morte de Pio XII, o judeu Guido Mendes, no mesmo jornal afirmou que «Pacelli foi o primeiro Papa que compartilhou, em seus anos de juventude, um jantar do Shabbat em uma casa judaica, debatendo informalmente sobre teologia judaica com eminentes membros da comunidade de Roma». Tendo nascido e residido em Roma, o Dr. Mendes relata que Eugênio Pacelli, o futuro Papa, ia com freqüência à sua casa, e vice-versa, «trocando interesses e idéias». Ambos eram jovens e muito amigos. Na hora de pensarem no futuro, o primeiro optou pela medicina e o segundo pelos estudos eclesiásticos. Em 1938, como Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Pacelli ajudou a família Mendes, perseguida pelo governo fascista italiano, a se mudar para a Suíça e daí, no ano seguinte, para a Palestina. Outro testemunho é do rabino André Zoui, capelão do corpo expedicionário francês. No dia 22 de junho de 1944, encontrou-se com o Papa para agradecer a ele e aos sacerdotes católicos pela ajuda prestada aos judeus durante a Shoah. Ao mencionar a visita que fez ao Instituto Pio XI, lembra que nele foram recolhidas, durante seis meses, cerca de sessenta crianças judias. Impressionado pela «solicitude paternal de todos os professores», ouviu esta resposta de um deles: «Nada fizemos além do nosso dever». Dias antes, ele havia participado da solenidade alusiva à reabertura da sinagoga de Roma, fechada pelos nazistas em outubro de 1943. Em seu relatório, assinala a presença de um sacerdote francês, o Pe. Benoit, que viera a Roma para se dedicar à assistência de judeus empobrecidos. Conversando com ele, o rabino ouviu de seus lábios palavras que o tocaram profundamente: «Amo os judeus de todo coração». Nenhuma admiração, portanto, se a conclusão a que chegou foi esta: «Isso jamais poderá ser esquecido por Israel!».
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Apesar de, na adolescência, alguém ter descortinado em mim indícios de vocação mais militar do que eclesiástica, nunca me senti com armas em punho. Não sei se por virtude, formação ou temperamento, não é de meu feitio inventar inimigos para ter o prazer de destruí-los. Percebo-me mais levado à comunhão do que ao combate. Nestes oito anos de episcopado, penso que em nenhuma homilia eu tenha perdido tempo condenando a quem pensa diferente, seja ele espírita ou evangélico, ateu ou maçom. Até mesmo porque tenho por mim que é melhor acender uma luz do que amaldiçoar as trevas. Mas, ao mesmo tempo, tenho consciência que não posso ficar em cima do muro, sem tomar uma posição definida, para não perder os amigos e não ser criticado pelos “inimigos”. Se assim fizesse, estaria sendo infiel à minha missão, como adverte o profeta Ezequiel: «Filho de Adão, eu te coloquei como sentinela na casa de Israel. Quando ouvires uma palavra de minha boca, tu falarás em meu nome. Se eu digo ao perverso que ele morrerá e tu nada disseres para que deixe sua má conduta e conserve a vida, ele perecerá por sua culpa, mas a ti pedirei contas de seu sangue» (3,17-18). Fiz essa introdução porque, nestes anos de episcopado, foram inúmeros os católicos que me procuraram para saber se, em sã consciência, poderiam fazer parte da Maçonaria. É a eles que desejo responder neste artigo, sem pretensão de falar em nome de outras denominações cristãs que, talvez, tenham opinião diferente. Primeiramente, quero lembrar que só se sente realizado quem tem e assume uma identidade clara e definida. Ser ecumênico não significa renunciar a convicções pessoais. Nem ter que ser necessariamente sincretista, nivelando todas as culturas e religiões. O pluralismo só é virtude onde existe maturidade e comunhão. Dito isso, o que devo responder aos católicos que me perguntam se podem ingressar na Maçonaria? À primeira vista, a resposta pareceria afirmativa, pois assim como o Rotary e o Lions, a Maçonaria não se define como religião, mas como «uma instituição fraterna e filantrópica, uma filosofia humanista, preocupada antes de tudo pelo homem e consagrada à busca da verdade», apesar de considerá-la inacessível. Mesmo contando com ritos e símbolos que a assemelham a uma religião – tanto que se fala em templos maçônicos –, ela se diz aberta a crentes e não crentes. Talvez seja por isso que, enquanto algumas Lojas manifestam uma verdadeira ojeriza por Deus, outras até parecem exigir de seus membros uma fé religiosa. Apesar de contar com um grande número de amigos que pertencem simultaneamente à Igreja Católica e à Maçonaria, preciso reconhecer que, entre elas, há princípios que se opõem mutuamente. Tanto é verdade que, se nos primeiros anos de filiação os membros católicos continuam praticando a fé, à medida que sobem na graduação maçônica, a imensa maioria se afasta decididamente da Igreja e dos sacramentos, acabando no indiferentismo religioso. Os motivos são múltiplos e diversificados. Um deles é o laicismo propugnado pela Maçonaria. Não se trata da laicidade positiva defendida pelo presidente francês Nicolas Sarkozy. O laicismo imposto pelo Iluminismo e pela Revolução Francesa reduz a religião à esfera privada, vetando-lhe qualquer interferência na vida pública. Nele, os valores são ditados pela democracia e impostos pela maioria. Não tendo origem divina, nenhuma moral é definitiva, mas evolui pelo consenso da sociedade. Outro ponto de divergência é o racionalismo. A Maçonaria não aceita verdades reveladas. Rejeita os dogmas impostos pela fé. Tudo tem que ser explicado pela razão. Fica complicado, portanto, para um católico maçom continuar acreditando na encarnação e na ressurreição de Jesus – só para dar dois exemplos. A própria imagem de Deus apregoada pelos maçons é muito diferente da que foi revelada por Jesus. Para a Maçonaria, o Grande Arquiteto do Universo é um Deus abstrato, distante e inacessível, uma espécie de “mestre relojoeiro”. Deixa as coisas acontecerem e não interfere nos assuntos dos homens. Como o leitor católico percebeu, não é simples falar de sintonia e convivência em matéria de religião. Apesar de se declarar tolerante com todas as religiões, a Maçonaria manifesta certa dificuldade em aceitar a influência da Igreja Católica na sociedade. Contudo – sem entrar no mérito de outros aspectos, como a entreajuda que vigora entre os maçons (e que desaparece quando alguém deixa a entidade), e a seleção rigorosa de seus membros, escolhidos a dedo entre as classes mais favorecidas –, para um diálogo frutuoso e uma convivência pacífica, o primeiro passo a fazer, de ambas as partes, é a sinceridade de intentos, o desarmamento dos ânimos e a superação dos preconceitos criados ao longo dos séculos.
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Por mais vezes, em seus pronunciamentos, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, como cristão, sua posição é contrária ao aborto, mas que, como Presidente da República e primeiro responsável pela saúde pública da população, luta por sua descriminalização: «Eu tenho um comportamento: como cristão, sou contra o aborto. Agora, como chefe de Estado, sou favorável a que o aborto seja tratado como uma questão de saúde pública, porque é preciso que o Estado dê atenção a pessoas que tiveram uma gravidez indesejada. Se o Congresso quiser fazer um debate, será bem-vindo. O Papa defende um conceito da Igreja. Eu tenho a minha visão e ela continua inalterada». Sem dúvida, não é fácil para um governante navegar em águas tão turbulentas como são as ideologias que tumultuam a vida cultural e social de um país! Mais ainda no mundo das religiões, onde parece que a confusão cresce a cada dia que passa, dado o pulular de seitas que se apresentam com as exigências mais estranhas e bizarras. O Presidente tem que ser o governante de todos os cidadãos, independentemente da religião que eles professam – ou não professam! Nesse sentido, muita coisa deveria ser revista na sociedade atual. Uma delas é a ques-tão dos feriados religiosos, que dizem respeito a apenas uma Igreja, mesmo que majoritária –, a não ser que eles sejam vistos como um patrimônio cultural, incorporado às tradições da nação. Outra anormalidade é a pretensão de transformar normas estritamente religiosas, como é o caso da Sharia, em lei civil imposta a toda a sociedade, mesmo para quem não é muçulmano. Ou ainda a proibição imposta aos católicos de ocuparem os cargos de reis e de primeiros-ministros na Grã-Bretanha. De outro lado, pode existir também um cerceamento da liberdade determinado pelas minorias. Para obterem e garantirem o que julgam um direito, acabam estabelecendo normas e comportamentos que contradizem o bom senso e a cultura da maioria. Se a laicidade isenta o Estado de se sujeitar a normas estritamente religiosas, contudo ela não pode ser transformada num pretexto para ab-rogar a lei natural, inserida por Deus na alma humana para salvaguardar a vida e o matrimônio, as duas tendências fundamentais do ser humano. Não é porque a Bíblia considera pecado que é proibido matar ou casar entre pessoas do mesmo sexo. É a própria razão que o demonstra, sempre que sustentada por uma consciência sadia e pela busca humilde da verdade que se oculta na natureza das coisas. Assim, uma coisa é acabar com os feriados religiosos – caso estejam prejudicando a harmonia, os direitos e o bem-estar da população –, e outra, muito diferente, exigir a liberalização do aborto e do “casamento” homossexual. Por isso, apesar do estilo um tanto impositivo que caracterizava os homens da Igreja de seu tempo, podem ser ainda atuais as palavras proferidas por um bispo italiano, João Batista Scalabrini, há 122 anos, numa Carta Pastoral publicada no dia 1º de fevereiro de 1887, com o significativo título: “Católicos de nome e católicos de fato”: «Há pessoas que afirmam: “A civilização atual pede uma coisa ao homem religioso e outra ao homem político”. Essas palavras foram extraídas das fontes da impiedade moderna. Cuidado com elas: nada as pode justificar! Dividir o homem em dois é loucura, sofrimento, hipocrisia e covardia! Na vida política e social, o homem precisa refletir no exterior o que tem no coração. Aliás, mesmo se pudesse agir diversamente, não o deveria fazer. Um homem com duas faces – que crê e não crê, que ama e não ama, que quer e não quer – é hipócrita de uma hipocrisia nova e moderna, mas sempre hipocrisia! Jesus não ensinou dois modelos de moral: uma pública e outra particular, uma para o homem de família e outra para o homem de negócios. Esta poderia ser a moral de Ma-quiavel, mas não a moral de Jesus! Jesus não quer divisões, fingimentos e duplicidades. Ele é sempre o mesmo, sempre o mesmo Senhor, sempre o nosso Deus, em tudo e em toda a parte. Um dia pedirá nos contas de acordo com o seu Evangelho – que é o seu código úni-co, imutável e eterno – de todas as idéias, palavras e atitudes privadas e públicas, religiosas e civis, de nossa vida! Quem assim crê é cristão e católico; mas quem assim mão crê, poderá ser o que qui-ser, e chamar-se como quiser, mas, com toda a certeza, cristão e católico é que não é!» Uma coisa é certa: quem quiser passar de católico de nome para católico de fato será sempre um sinal de contradição: de queda para uns e de salvação para outros – exatamente como Jesus (Cf. Lc 2,34).
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Sem dúvida, o sábado, 20 de setembro, foi bonito e agradável para o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um dia em que sentiu à vontade e livre para expressar seus sen-timentos numa maneira simples, espontânea e popular, como aliás, costuma fazer. Foi o que demonstrou em dois comícios de que participou em apoio a seus candidatos polí-ticos. No primeiro, na cidade de São Paulo, referindo-se ao otimismo e ao desenvolvimento social e econômico detectado por ele em todo o Brasil desde que se elegeu presidente, disse que tudo isso acontece porque “Deus é brasileiro”. Num tom jocoso, o Presidente falou que sua presença no Palácio do Planalto fez com que Deus decidisse alardear sua condição de cidadão brasileiro. «Deus assumiu publicamente que é brasileiro. Ele disse: “Já que o Lula está aqui, eu vou ficar um pouquinho”».No mesmo dia, à noite, na cidade de Mauá, pediu a seus adversários que «deixem de usar seu nome em vão». Com estas palavras, ele aludia a pessoas e partidos que, até há pouco, o combatiam, mas agora se escondem atrás de seu nome para se elegerem ou para serem aceitos pelo povo. Assim se expressando, pode ser que Lula se tenha lembrado do tempo de criança, quando, na catequese, aprendeu que, entre os dez mandamentos dados por Deus a Moisés no Monte Sinai, um deles era este: «Não pronunciarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão» (Ex 20,7). Na verdade e na prática, o que significa: “Não tomar o seu santo nome em vão?” Con-sistirá apenas em não blasfemar? Ou, então, em não jurar falsamente? Sem dúvida, é algo muito mais abrangente o que se pede no Decálogo. Tomar seu santo nome em vão é colocar Deus onde ele não pode ficar, confundindo e mesclando o que não deve ser confundido e mesclado. Nesse sentido, poder-se-ia le-vantar uma série de perguntas e dúvidas: qual o sentido do Crucifixo em ambientes onde se tramam conluios e a dignidade da pessoa humana é espezinhada? Ou do nome de Deus em moedas ou cédulas de um mercado que escraviza e corrompe? Mas, por incrível que pareça, onde mais se toma o nome de Deus em vão é... na pró-pria religião. Isso acontece sobretudo quando, sob o manto sagrado da oração e da espiritualidade, nada mais se faz do que satisfazer interesses e instintos egoístas (e não somente financeiros!). Quando se procura o templo na tentativa de apaziguar a consciência, apesar de permanecer no erro e no pecado. Quando se busca uma religião para fugir da realidade, ao invés de lutar para renová-la de acordo com o projeto de Deus. Toma-se seu santo nome em vão quando se matam e se perseguem os irmãos em nome de um Deus feito à imagem do que de pior medra no coração humano. Se exis-tem absurdos na religião, um deles é a “guerra santa”, a qual nada mais é do que a insegurança e o medo gerados por uma fé infantil, que não se sustenta diante do dife-rente. Toma-se seu santo nome em vão quando se exigem feriados religiosos e se defendem os domingos apenas como momentos de lazer, esquecendo que o mais importante é transformar uns e outros no “Dia do Senhor”, como já insistia o Decálogo de Moisés: «Lembra-te de guardar e santificar o dia de sábado» (Dt 5,12), preceito que a Igreja Católica transformou no primeiro dos seus cinco mandamentos: «Participar da missa nos domingos e festas de preceito». Toma-se seu santo nome em vão quando bispos e padres, pais de família e catequistas impõem pesados fardos sobre os ombros dos outros, em nome da moral e da religião, mas não vivem o que ensinam, nem mexem um dedo sequer para amparar os que não se sentem com forças suficientes para carregar os pesos impostos. Toma-se seu santo nome em vão quando Deus é apenas um pretexto para exigir o respeito e a autoridade que não se tem por deficiências espirituais e morais; pior ainda, se for usado para explicar e justificar situações de injustiça e opressão, com as palavras: «É vontade de Deus». Toma-se seu santo nome em vão quando se repetem expressões que fazem parte da cultura do povo brasileiro, mas que, para serem autênticas, devem brotar de um cora-ção que acredita, confia e ama: «Graças a Deus!». «Se Deus quiser!». «Fique com Deus!». «Deus o abençoe!». «Só por Deus!». «Vá com Deus!». Para Lula, Deus é brasileiro porque o país está numa fase de crescimento econômico e social. Contudo, para «Deus se assumir como brasileiro», esse desenvolvimento deve ser simultaneamente integral – sem menosprezar os valores éticos e morais –, e igua-litário, onde todos tenham vez e voz. Caso contrário, dizer que Deus é brasileiro é... tomar seu santo nome em vão!
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Pregando diante do Papa Bento XVI e de uma multidão de fiéis na Basílica de São Pedro no dia 10 de abril, Sexta-feira santa, Frei Raniero Cantalamessa demonstrou que, diferentemente do que pensam os ateus e os materialistas, a fé em Deus não só não se opõe à felicidade do homem, mas a realiza e plenifica. Em sua homilia, referindo-se às faixas que apareceram nos ônibus de algumas cidades européias – «Provavelmente Deus não existe. Deixe de se preocupar! Aproveite a vida!» –, ele afirmou: «A mensagem subliminar é que a fé em Deus impede de desfrutar a vida, é inimiga da alegria. Sem ela, existiria mais felicidade no mundo! O elemento de maior preocupação desse slogan não é a premissa “Deus não existe”, mais a conclusão: “Aproveite a vida!”». O pregador lembrou que o conselho é lido também por pessoas que têm suas vidas amarguradas por toda a espécie de sofrimento: «Eu procuro imaginar a reação delas ao ler as palavras: “Provavelmente Deus não existe: aproveite a vida!” Mas, de que forma e com que meios? Essa, porém, não é a única incoerência dessa idéia publicitária. “Deus provavelmente não existe”: portanto, poderá existir! Não se pode excluir totalmente a possibilidade. Mas, se Deus não existe, eu não perdi nada; se, pelo contrário, ele existe, você, amigo incrédulo, terá perdido tudo!». O Pe. Raniero julga que o slogan, ao invés de atingir os objetivos pelos quais foi difundido, acabou por se tornar uma propaganda a favor de Deus: «Devemos quase agradecer aos que lançaram a campanha publicitária; ela serviu à causa de Deus mais do que muitos argumentos apologéticos. Mostrou a pobreza de suas razões e contribuiu para despertar muitas consciências adormecidas. Deus é capaz de fazer de seus negadores mais obstinados os apóstolos mais apaixonados. Paulo é o maior exemplo disso». Para o religioso, o verdadeiro inimigo da felicidade humana é o pecado, sob qualquer forma se apresente: «O pecado prende a criatura humana na mentira e na injustiça; condena o próprio cosmos material à vaidade e à corrupção, e é a causa última até mesmo dos males sociais que afligem a humanidade. Fazem-se análises sem fim da atual crise econômica e de suas causas. Mas quem ousa meter o machado na raiz e falar do pecado? São Paulo define a avareza insaciável como uma idolatria e vê na desenfreada ganância do dinheiro a raiz de todos os males. Temos coragem de afirmar que ele está equivocado? Se tantas famílias perderam tudo e uma multidão de operários ficaram sem trabalho, não foi pela sede insaciável de lucro por parte de alguns? A elite financeira e econômica mundial é fruto de uma locomotiva que avançava numa corrida desenfreada, sem pensar no restante do trem, que ficou parado à distancia, sobre os trilhos. Estávamos todos andando na contra-mão». Quem acolhe a fé cristã, também recebe a chave que lhe permitirá desvendar o segredo para superar e transformar o mal e o sofrimento, como recorda Frei Raniero: «Cristo derrubou o muro de separação e reconciliou os homens com Deus e entre si. Com sua morte, não somente venceu o pecado, mas também deu um sentido novo ao sofrimento, inclusive àquele que não depende do pecado de ninguém. Ele o transformou num instrumento de salvação, num caminho para a ressurreição e a vida». Com sua morte e ressurreição, Cristo se ocultou em cada sofrimento, tornando-o semente de ressurreição para quem acolhe o amor que o Espírito Santo derrama nos corações que o procuram. Não é o sofrimento que impede a felicidade, mas a busca do prazer pelo prazer, sem olhar para nenhuma outra consideração. Esta sede insaciável gera a depressão e o vazio existencial quando não se coloca o amor acima dos próprios interesses e das tendências naturais. Era o que São Paulo queria dizer ao asseverar que «morria todos os dias» (1Cor 15,31) ao pecado, para também ressuscitar todos os dias a uma vida de realização e felicidade. Por isso, se realmente quisessem ajudar os leitores e usurários a superarem seus problemas e a serem felizes, os ateus europeus deveriam fazer uma pequena, mas fundamental, modificação nas faixas que colocaram nos ônibus: «Deus existe. Lance nele suas preocupações! Aproveite a vida!»
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São milhares as revistas e os jornais católicos do mundo que, todos os meses, oferecem a seus leitores uma meditação que os ajude a penetrar no coração do Evangelho e torná-lo fonte de renovação pessoal e social. É a assim denominada “Palavra de Vida”, escrita por Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares. No mês de julho, a frase bíblica aprofundada por Chiara foi do Evangelho de Lucas: «Vendei vossos bens e dai o dinheiro em esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu, que não se perde; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Pois onde está o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração» (Lc 12,33-34). Em seu comentário, Chiara lembra que o amor de Deus por nós é infinito. Por isso, nos pede tudo! Não nos quer escravos de nada e de ninguém, para que sejamos livres para amar. Ele sabe que, o que guardamos para nós, apodrece e nos faz mal. Quanto mais nos apegamos a coisas e pessoas, mais escravos delas nos tornamos. Foi o que Jesus quis dizer ao falar: «Dificilmente um rico entrará no reino de Deus» (Mt 19,23). Rico é o que tem como Deus e céu de sua vida os bens deste mundo, sejam eles materiais, culturais ou até mesmo religiosos. Para nos preencher com o tudo que é sua graça, Deus precisa encontrar em nós um “vazio” que seja fruto de um amor gratuito e totalitário. Em sua meditação, Chiara nos ilumina com uma das verdades mais profundas e descorcertantes: «Você só tem realmente aquilo que dá». É quanto consegue dar e se doar que torna a pessoa adulta e madura. Jesus sintetizou tudo isso nas palavras que foram colhidas por São Paulo: «Há mais felicidade em dar do que em receber» (At 20,35). O apego às riquezas obstacula a prática da solidariedade. O que enriquece é o amor. E, se o que vale e conta é ser rico diante de Deus (Cf. Lc 12, 21), nada mais acertado do que transformar a vida numa série interminável de atos de amor verdadeiro. Como se sabe, são uma multidão as pessoas que procuram a religião apenas para sair de um conflito ou crise e obter uma vida boa e tranqüila, sem preocupação ou sofrimento de espécie alguma. É o que parecem incentivar a fazer as assim denominadas “Igrejas da prosperidade”. O que vale é ter saúde e dinheiro, esquecendo a admoestação de São Paulo: «Quando as pessoas pensarem ter paz e segurança, então, de repente, a ruína cairá sobre elas, e não conseguirão escapar» (1Tes 5,3). Em certo sentido, pode-se dizer que a própria Bíblia precisou rever a sua posição a esse respeito. Uma leitura superficial e literal do Primeiro Testamento favorecia a interpretação de “saúde e prosperidade” para os amigos e Deus, e aflição e castigo para quantos faziam o mal. Só que, na prática, o que se via acontecer no dia-a-dia nem sempre correspondia a esse sonho. Havia pessoas santas, como Jó, que, apesar de terem procurado agir corretamente, passavam por grandes dificuldades. Talvez tenha sido por isso que o Eclesiástico precisou reconhecer e avisar: «Se te decides servir a Deus, prepara a tua alma para a provação» (Eclo 2,1). Os bens deste mundo só têm sentido se colocados a serviço dos valores éticos e morais. Caso contrário, são um grande mal, pois ocupam o lugar de Deus no coração humano, tornando-o insensível ante as necessidades dos irmãos. É o que afirma Chiara Lubich, com seu jeito carinhoso e perspicaz: «É isso que você deve fazer: preparar as malas. Nos tempos de Jesus, talvez as malas se chamassem de bolsas. Prepare-as dia após dia. Procure enchê-las com aquilo que pode ser útil para os outros. Você só tem realmente aquilo que dá. Lembre-se de quanta fome existe no mundo. Quanto sofrimento. Quantas necessidades. Ponha nessas malas também todo gesto de amor, toda obra em favor dos irmãos. Faça essas ações por ele. Diga-lhe, do fundo do coração: “Por ti!” E faça-as bem, com perfeição. Elas estão destinadas ao céu, permanecerão para a eternidade». Assim sendo, poderemos sem medo inverter as palavras de Jesus – «Dificilmente um rico entrará no reino dos céus» – e afirmar que só os ricos entrarão no reino de Deus... Você levará para o além somente – e tudo – aquilo que doou durante a vida. E o que guardou egoisticamente para si, deixará para outros. Com efeito, a eternidade – qualquer que seja ela, céu ou inferno – é uma casa que se habita depois da morte, mas se constrói aqui na terra, passo a passo, gesto por gesto, durante a longa ou curta peregrinação terrena...
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Na sexta-feira, dia 11 de setembro de 2009, eu me encontrava em Roma, participando da visita ao Papa Bento XVI que, a cada cinco ou seis anos, os bispos da Igreja Católica são convidados a fazer, para estreitar a comunhão eclesial que os une ao sucessor de Pedro. Como se sabe, a partir de 2001, o dia 11 de setembro passou a ser visto como fatídico na historia da humanidade, por tudo o que significou a derrubada das Torres Gêmeas, em Nova Iorque. Pois bem, no mesmo dia em que se celebrava o nono aniversário dessa tragédia, em Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul, a policia federal executava uma ordem da justiça, promovendo a retirada dos índios que, há aproximadamente vinte meses, tinham ocupado a Fazenda Santo Antonio de Nova Esperança. Naturalmente, fatos dessa envergadura ganham as manchetes internacionais – como já disse, eu soube do fato em Roma –, levando as pessoas de boa vontade a se perguntarem quando o Brasil vai se desobrigar de um débito que há séculos mantém com os povos indígenas, de quem foi simplesmente ocupando as terras, a partir da “descoberta” de Pedro Álvares Cabral. Uma leitura superficial dos acontecimentos de Rio Brilhante poderia levar a crer que a justiça foi feita porque a propriedade voltou aos seus donos. Contudo, a meu ver, a justiça só é verdadeira e completa quando engloba também os indígenas, sujeitos dos mesmos direitos – e, naturalmente, dos mesmos deveres – dos demais cidadãos brasileiros. A legislação que rege uma nação é idêntica para todos. Se ninguém pode invadir a propriedade alheia e todos têm o direito de defender o que é seu, o mesmo princípio vale também para os índios, sem dúvida os mais injustiçados de todos os brasileiros. Com isso, não estou me posicionando contra os produtores rurais (sobretudo os pequenos agricultores), que adquiriram suas terras legalmente e as cultivam com o suor de seu rosto. Compreendo tanto suas preocupações – pelas ingentes dificuldades que precisam enfrentar para fazer frutificar um solo não poucas vezes castigado pela inclemência do tempo e por preços e impostos injustos –, quanto suas tensões, pelo medo constante de verem suas propriedades invadidas, a todo momento, por índios e sem-terras. Mas estou convencido também que não se pode prolongar um estado de coisas que, além de nos humilhar perante a opinião pública mundial, é uma tremenda injustiça que se comete contra uma multidão de brasileiros, que nada mais pedem senão os mesmos direitos que se concedem aos demais concidadãos. Não sei se estou simplificando as coisas ao afirmar que, na teoria, todos nos posicionamos a favor dos índios, até mesmo porque os vemos sofrer os mesmos desequilíbrios e tensões que atingem o comum dos mortais. Afirmamos, alto e bom som, que estamos ao seu lado e que nada queremos senão o seu bem-estar social e cultural. Chegamos a defender o seu direito à propriedade privada. Contudo, na pratica, além das palavras mais ou menos bonitas que dizemos ou escrevemos, o que parecemos de fato querer é que eles desapareçam da face da terra, porque não passam de um estorvo para o desenvolvimento do país. Talvez tenha sido mera coincidência: no domingo seguinte aos acontecimentos de Rio Brilhante, a liturgia dominical pedia aos cristãos, através da carta de São Tiago, que passassem das palavras aos fatos: «Suponhamos que um irmão ou irmã não tenham o que vestir e lhes falte o pão de cada dia. Então alguém de vocês lhes diz: “Vão em paz, se aqueçam e comam bastante!”. Mas não lhes dá o necessário para o corpo. O que adianta isso?» (Tg 2,15-16). Não é assim que uma parte da sociedade brasileira trata os índios? Ao solicitar do governo uma atitude firme e prudente, que ponha fim a um estado de coisas insustentável, não sou levado por motivos religiosos, mas simplesmente humanos. De fato, a quase totalidade dos 40.000 índios que vivem na Diocese de Dourados é evangélica ou segue a religião tradicional – exatamente o contrário dos agricultores que, em sua maioria, são católicos! Nem estou afirmando que a única solução seja a demarcação das terras que teriam pertencido a seus antepassados, pela lentidão e incerteza que a medida comporta. A simples posse da terra pode não ser a melhor solução. Junto com ela, o que os índios precisam é das mesmas condições de vida que se oferecem aos demais brasileiros, sobretudo no campo da educação, da saúde, da moradia e do emprego. Somente assim a justiça será igual para todos.
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Nos primeiros dias de dezembro de 2008, uma velha notícia voltou a merecer as manchetes de alguns meios de comunicação: os meteoritos foram os responsáveis pelo surgimento da vida na terra. Como se sabe, os meteoritos são fragmentos de corpos sólidos celestes – cometas, estrelas e planetas – que se desintegram. Ao se espalharem pelo universo, alguns se dirigem à terra, se incandescem pelo atrito com o ar e uns poucos (não mais de 150 por ano) alcançam a superfície terrestre. No século XVIII, com o surgimento do iluminismo e, principalmente, do evolucionismo, os meteoritos passaram a ser vistos como diretamente ligados ao surgimento de vida na terra, uma vez que, segundo seus próceres, a vida se originou fora da terra e chegou ao nosso planeta sob a forma de esporos, células reprodutoras, capazes de germinar e dar origem a novos organismos. Talvez pelo fato de alguns acreditarem que a história seja mais cíclica do que linear, em dezembro de 2008, os meteoritos voltaram à cena. De acordo com a revista britânica “Nature Geoscience”, na Universidade de Tohoku, no Japão, um grupo de cientistas, liderados por Yoshihiro Furukawa, descobriu que os impactos desses corpos sobre os mares primitivos, muito freqüentes na época, geraram algumas das moléculas orgânicas necessárias para a vida. Para suas pesquisas, utilizaram um simulador do impacto de um meteorito de ferro e carbono em uma mistura de água e amoníaco, que imitava a química dos oceanos primitivos. Depois do impacto à alta velocidade, a equipe encontrou no fluido uma mistura de moléculas orgânicas, incluindo um aminoácido simples. A conclusão foi que os impactos de meteoritos nas massas de água da terra primitiva contribuíram para a criação de moléculas orgânicas que formaram as bases da vida. Na verdade, o homem é um eterno pesquisador. Se suas dúvidas e perguntas o podem levar ao ceticismo mais radical, formulado na antiga sentença dos filósofos gregos “o que sei é que nada sei”, contudo, é exatamente essa busca que faz crescer a ciência. Contanto que ela fique no seu lugar, e não ocupe o papel da religião. A esse respeito, o “Catecismo da Igreja Católica” é bastante esclarecedor: «A catequese sobre a criação se reveste de uma importância capital. Ela diz respeito aos próprios fundamentos da vida humana e cristã, pois explicita a resposta da fé cristã à pergunta elementar feita pelos homens de todas as épocas: “De onde viemos?”. “Para onde vamos?” “Qual é a nossa origem?” “Qual é o nosso fim?” “De onde vem e para onde vai tudo o que existe?” As duas questões, a da origem e a do fim, são inseparáveis. São decisivas para o sentido e a orientação de nossa vida e de nosso agir». Para a Bíblia, tudo começou com a criação feita por Deus. Mas, parafraseando o que pensava Galileu, sendo ela um livro que ensina não como nasceu o mundo, mas como se deve nele viver, ninguém é obrigado a tomar ao pé da letra as narrativas do Gênesis, como reconhece o mesmo Catecismo: «A questão das origens do mundo e do homem é objeto de numerosas pesquisas científicas, que enriqueceram magnificamente nossos conhecimentos sobre a idade e as dimensões do cosmos, o devir das formas vivas, o aparecimento do homem. Estas descobertas nos convidam a admirar a grandeza do Criador, a render-lhe graças por todas as suas obras e pela inteligência e sabedoria que dá aos estudiosos e pesquisadores. O grande interesse reservado a essas pesquisas é estimulado por uma questão de outra ordem, que ultrapassa o âmbito próprio das ciências naturais. Não se trata somente de saber quando e como surgiu materialmente o cosmos, nem quando o homem apareceu, mas, antes, de descobrir qual é o sentido de tal origem: se ela é governada pelo acaso, um destino cego, uma necessidade anônima, ou por um ser transcendente, inteligente e bom chamado Deus». Se ninguém pode dar o que não tem e se o efeito nunca é maior do que a causa, poderiam os meteoritos ter produzido a vida na terra? E se simplesmente a trouxeram de outro planeta, quem está na sua origem? Talvez seja apenas uma questão de sabedoria elementar: a fé e a ciência podem caminhar juntas e completar-se mutuamente: se a fé nos esclarece que Deus é o autor e a fonte da vida, cabe à ciência avaliar o “como”, o “onde” e o “quando” ela nasceu.
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Por servir a Deus tenho direito a privilégios?

Nada de mal vai me acontecer?Nehum flagelo baterá à minha porta?Mortes,doenças,sofimentos,problemas familiares,desempregos...nada irá me atingir? Minha familía e as pessoas que amo estâo totalmente protegidas? Tudo que tenho está fora do alcance do mal??? O proprio Jesus não teve direito a estes privilégios... será que eu sou melhor do que Ele ???
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Como dói errar!!!

eu_daniel_em_frente_de_casa_e_ao_lado_da_minha_moto"

Seria tão bom acertar sempre em nossas decisões...

fazer a coisa certa,dizer a coisa certa...

seria tão bom se as consequências

de nossos atos e palavras fossem flores,

fossem deliciosos frutos...

como seria bom se de nossos atos e palavras

sempe brotassem sorrisos,alegria,felicidade...

infelizmente a possibilidade de errar

e provocar sofrimento sempre está diante de nós !!!

 

E nessa horas amargas

somente Deus poderá nos compreênder,

nos perdoar e nos dar forças

para que continuamos tentando acertar!!!

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Deus é meu super-empregado???

Ele deve concretizar meus planos mundanos? Cabe a ele transformar meus sonhos mais lindos em uma realidade concreta? Amor,saúde,felicidade,muitos bens materias,muito dinheiro,fama,respeito,muita prosperidade...familia perfeita...tudo do jeito que eu quero...certinho ,sem nenhum perigo por perto e com muita fartura ???

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